Estresse: Construindo resiliência e coragem em tempos difíceis

Minha relação com o estresse ainda me desafia, talvez por isso o assunto me desperte tanto interesse. Quando se trata de estresse, a maneira como pensamos sobre ele faz diferença. A mente praticamente não diferencia uma situação de pressão real e um cenário estressante criado em nossos pensamentos. As histórias que nos contamos podem alimentar e prolongar o sofrimento.

Adotar uma nova percepção sobre o estresse pode transformar a maneira como nosso corpo reage diante das pressões do dia a dia. Ao reinterpretar essa resposta natural do organismo como um recurso que impulsiona nossa performance, é possível diminuir a ansiedade e aumentar a autoconfiança. Curiosamente, essa mudança de olhar faz com que as reações fisiológicas — como o coração batendo mais forte e a respiração acelerada — se assemelhem àquelas vivenciadas em momentos de alegria ou coragem. Da próxima vez que notar esses sinais, experimente pensar: “Está tudo bem, estou segura. Meu corpo está apenas se preparando para agir. Eu sou capaz de superar este desafio.” Com essa mentalidade, colaboramos para que nosso organismo responda de forma mais saudável e resiliente aos obstáculos que surgem.

Eu queria evitar as situações difíceis a todo custo e nesse processo de resistência, me via mais estressada. O próprio desejo de superar o estresse é tão cheio de esforço, tão tomado por pensamentos e histórias mentais que logo a dor de cabeça e a má digestão vêm sinalizar alguma desarmonia.

O corpo humano é naturalmente programado para responder ao estresse de maneira eficaz e, após superado o evento, retornar a um estado de calma e repouso. Assim, o que determina o impacto do estresse é a intensidade e a duração da exposição a ele. Um certo nível de demanda pode ser benéfico, pois o estresse, quando equilibrado adequadamente com períodos de descanso, pode servir como um agente de crescimento e fortalecimento.

Há uma curiosidade sobre o estresse que me fascinou: a ocitocina, também conhecida como o hormônio do amor, é tão parte da resposta ao estresse quanto a adrenalina, que faz o coração bater mais forte. Quando a ocitocina é liberada, ela está nos motivando a buscar apoio. Nos momentos de desafios, nosso corpo, sabiamente nos incentiva a estar mais perto de pessoas que são importantes para nós, a compartilhar nossos sentimentos com alguém de confiança, em vez de guardá-los.

Um dos principais papéis da ocitocina é proteger o sistema cardiovascular dos efeitos negativos do estresse. Esse hormônio atua como um anti-inflamatório natural, promovendo o relaxamento dos vasos sanguíneos em situações desafiadoras. Além disso, a resposta do organismo a momentos de tensão emocional traz consigo um mecanismo de resiliência: a conexão humana. Esse vínculo social facilita a recuperação e fortalece a capacidade de lidar com adversidades.

A forma como pensamos e agimos tem o poder de transformar nossa experiência com o estresse. Ao enxergar as reações do corpo diante dos desafios como aliadas, cultivamos a biologia da coragem. Buscar apoio e manter conexões em períodos complicados fortalece nossa capacidade de superação. Quando abandonamos a resistência e acolhemos a realidade, passamos a confiar mais no fluxo da vida — e, a partir desse estado de confiança, começamos a construir o futuro que desejamos.

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